Resumo:
As oficinas terapêuticas em saúde mental tornaram-se práticas relevantes para o cuidado de pessoas em sofrimento mental. Não é diferente quando se trata da atenção às pessoas em uso prejudicial de álcool e outras drogas. O presente trabalho relata a experiência da oficina de música dentro de um Centro de Atenção Psicossocial para atendimento de usuários com dependência e/ou uso prejudicial de álcool e outras drogas (CAPSad). Para tanto, esse trabalho foi elaborado a partir de um breve relato sobre a trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil, os primeiros passos de inclusão de atividades terapêuticas em unidades de tratamento em saúde mental. A importância da implantação da Rede de Atenção Psicossocial através da Portaria nº 3088/2011. O advento e implementação dos Centros de Atenção Psicossocial, regulamentados pela Portaria nº 336/2002 como serviços substitutivos ao modelo de internação hospitalar. Nesse novo formato de cuidado as oficinas terapêuticas se tornaram relevantes nesse processo de trabalho, apresentando resultados significativos para reabilitação e inserção dos usuários na rede de saúde mental e no seu território. Dentro do CAPSad a inclusão da música como proposta de oficina surgiu não com intuito de ensinar canto ou tocar instrumentos, mas de compartilhar diferentes estilos proporcionando alegria, resgate da autoestima e troca de saberes, espaço de criatividade e expressão de sentimentos. Esse relato evidenciou a importância dessa prática no CAPSad uma vez que foi perceptível o envolvimento dos profissionais e dos usuários, boa adesão, a criação de vínculo, a vivência de momentos de prazer e diversão não relacionados ao uso de substâncias, sendo possível provocar reflexões sobre o consumo, e foi possível observar pequenas mudança nos hábitos de vida e no comportamento dos usuários, demonstrando ser um recurso importante para viabilização do tratamento.