Resumo:
Considerando que o cuidado à pessoa com deficiência auditiva no SUS deve ser
integral e articulado nos três níveis de atenção à saúde, a atenção básica deve ser
responsável pela entrada dessa população na rede, organização e coordenação do
cuidado prestado. Este estudo teve como objetivo descrever e analisar a produção
científica da atenção à saúde auditiva no âmbito da atenção básica no Brasil, no
período de 2004 a maio de 2019. Trata-se de um estudo de revisão integrativa da
literatura, realizado através de levantamento bibliográfico nas bases de dados
eletrônicas BVS Regional (Biblioteca Virtual em Saúde Portal Regional) e Scielo
(Scientific Eletronic Library Online), no período de 2004 a maio de 2019, e posterior
análise cronológica e crítica das publicações. Os artigos foram analisados e
organizados em três categorias para discussão: (1) público; (2) princípios da atenção
básica; e (3) processos educativos. Os resultados mostram que as ações de saúde
auditiva na atenção básica vêm sendo realizadas em diversas regiões do Brasil e
que tiveram maior quantidade de estudos publicados a partir do ano de 2014. As
ações tiveram como público, em sua maioria, os bebês da Triagem Auditiva
Neonatal e crianças na primeira infância, e os profissionais Agente Comunitário de
Saúde e fonoaudiólogos. Dentre as ações realizadas, foi evidente grande número de
capacitações em saúde auditiva infantil e ações de acompanhamento do
desenvolvimento de audição e linguagem das crianças, além de discussão da
acessibilidade da pessoa com deficiência auditiva na rede de saúde do SUS e
identificação da perda auditiva causada pelo ruído e sua notificação na Atenção
Primária à Saúde. É possível concluir que apesar dos estudos mostrarem a
necessidade da realização de ações para identificação e acompanhamento da perda
auditiva na infância, pouco tem sido desenvolvido nos demais ciclos de vida. Podese concluir ainda que não é total a participação de toda equipe da Estratégia de
Saúde da Família no cuidado à pessoa com deficiência auditiva, assim como é
pouco significativa a análise do território da unidade de saúde para a proposição de
ações em saúde auditiva. O acesso da população com deficiência auditiva deve ser
fortalecido e qualificado para que seja garantida a atenção à saúde dessa
população, assim como também deve ser garantida a continuidade da assistência e
integralidade do cuidado. A partir das mudanças na Política Nacional da Atenção
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Básica 2017, que modifica quantitativo de profissionais na Atenção Básica e lógica
de ação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e Atenção Básica, questiona-se a
continuidade do que já vem sendo realizado, assim como, a possibilidade de
ampliação das ações realizadas.