Resumo:
A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e, posteriormente, a criação do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) conduziram o profissional fisioterapeuta
a superar a forma de trabalhar voltada para a recuperação e a reabilitação de
lesões, sendo então exigida a atuação em equipe multiprofissional, com abordagem
interdisciplinar, objetivando a prevenção de doenças, a promoção de saúde e a
educação em saúde. Para tanto, o NASF, em parceria com a Estratégia Saúde da
Família (ESF), utiliza-se de práticas grupais como recurso valioso no cuidado aos
usuários da Atenção Básica (AB), visto que essa estratégia envolve os princípios e
as diretrizes do SUS, favorecendo os processos de subjetivação e estabelecimento
de vínculos comunitários, a autonomia, a participação e a corresponsabilização dos
usuários. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi relatar minha experiência e
produzir reflexões sobre a minha atuação como profissional do NASF no
desenvolvimento de uma prática grupal na Unidade Básica de Saúde (UBS) Menino
Jesus, em Belo Horizonte, Minas Gerais, problematizando as condições que
envolvem sua construção e sua continuidade. O relato demonstra que o grupo
propicia a construção de conhecimentos que não envolvem apenas a dimensão
biológica, mas também a construção compartilhada de saberes, o diálogo, a
participação ativa dos usuários, o fortalecimento de vínculos e a autonomia. Para
que os profissionais de saúde possam executar as práticas grupais no NASF, no
sentido descrito acima, é necessária maior conscientização do desafio de se buscar
práticas realmente voltadas para a troca de saberes e para a construção diária das
atividades junto à população, com vistas a valorização da integralidade do cuidado.