Resumo:
A adolescência é compreendida como o período entre 10 e 19 anos, fase de transição entre a
infância e a idade adulta, constituída por características singulares nos campos biológicos,
psicológicos e sociais. Em que pese a amplitude de questões que envolvem a adolescência, no
campo da saúde, normalmente, as necessidades observadas pelos profissionais restringem-se
aos aspectos clínicos, privilegiando o componente biológico, higienista e individual, com
abordagem que pouco incorpora diferentes componentes da vida do adolescente (como relação
com a escola, interesses, desejos, conflitos). Sabemos que a parceria intersetorial entre saúde e
educação é um caminho importante para a construção de estratégias de promoção da saúde do
adolescente, que favorece uma compreensão mais ampliada sobre seu modo de viver e se
apresenta mais capaz de responder às suas diferentes necessidades. É nesse contexto que se
insere este trabalho, cujo objetivo é relatar a experiência de desenvolvimento das Oficinas de
Futsal realizadas por meio de uma parceria entre a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da
Família e Atenção Básica (NASF-AB) e uma escola da regional Leste de Belo Horizonte. A
proposta é que respondamos à seguinte questão: como a escola pode se tornar um espaço
intersetorial para a promoção da saúde do adolescente? As articulações entre educação e saúde
e a ação compartilhada entre escola e Unidade Básica de Saúde, durante as Oficinas de Futsal,
nos permitiram desenvolver junto aos adolescentes uma intervenção capaz de integrar todas as
dimensões humanas (cognitiva, afetiva, ética, social, lúdica, física), em um trabalho de reflexão
e produção de novos modos de ser e agir. Como resultado, observamos mudanças significativas
na rotina dos adolescentes e do ambiente escolar assim como no compartilhamento de ações e
saberes entre professores, alunos e profissionais da saúde. Destaca-se a atuação dos
profissionais da equipe NASF-AB e da escola, que elaboraram uma proposta cujo foco foi dar
visibilidade ao adolescente e atuar com estratégias diferenciadas. Concluímos sobre a
importância da parceria entre saúde e escola, principalmente em territórios de maior
vulnerabilidade social, como é o caso desta experiência, para favorecer a compreensão das
limitações e das potencialidades de cada área da comunidade, na tentativa de reduzir os abismos
e os nós existentes no cuidado ao adolescente.