Resumo:
A Doença Renal Crônica (DRC) é uma morbidade com grande impacto na saúde pública
mundial e na vida social e profissional das pessoas acometidas. A fase terminal desta
doença requer tratamento dialítico, que pode durar a vida inteira. Poucos podem recorrer a
um transplante renal, contraindicado para a maioria dos pacientes. No Brasil, foi
evidenciado que o número de pessoas nessa condição vem aumentando a cada ano.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) a prevalência e a incidência de DRC
na fase terminal aumentaram de 544 e 180 para 610 e 194, respectivamente, entre 2015 e
2017. A Atenção Primária à Saúde (APS) tem um papel fundamental, nos sistemas de saúde
do mundo, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS), para a promoção da saúde, na
prevenção e no controle de fatores de risco relacionados à DRC, em especial a Diabete
Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). O direito à saúde é garantido pela
Constituição Federal do Brasil e está diretamente ligado ao direito à comunicação. É por
meio da Comunicação e Saúde (C&S) que a população pode ter acesso às informações
sobre as medidas de promoção da saúde, prevenção/controle de doenças e assistência à
saúde, se apropriando dos seus direitos para o exercício da cidadania. O objetivo desse
trabalho foi identificar e analisar como acontecem as formas de C&S na APS do SUS, para
a promoção da saúde, e prevenção e controle dos principais fatores de risco para DRC,
notadamente, DM e HA. Trata-se de uma revisão integrativa com buscas em documentos e
legislações disponíveis pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS),
em dados do Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica da SBN e nas bases de dados da
Biblioteca virtual em Saúde (BVS) utilizando os descritores: "Atenção Primária à Saúde"
and "Diabetes Mellitus" and "Hipertenção Arterial" and “Comunicação”. Foram
selecionados 23 artigos. As formas de comunicação identificadas foram: (1) Educação em
Saúde (ES) (2); Comunicação Interpessoal (CIP); (3) Comunicação Interprofissional
(CIPR); (4) Comunicação na Continuidade da Assistência (CCA) e (5) Educação
Permanente e Continuada (EPC). Foi evidenciado que a ES foi a forma de C&S mais
utilizada pelas equipes da APS. Quando realizada por interações dialógicas com os
usuários, desde as consultas, palestras e grupos operativos, promove o autocuidado e
adesão ao tratamento. A CIP é essencial na C&S entre os profissionais de saúde e os
usuários, por permitir o acolhimento e vínculo, a escuta qualificada na busca de
resolutividade dos problemas de saúde relacionadas às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A CIPR é um termo recente e pouco usado na literatura nacional,
mas importante nas interações entre os profissionais de saúde para o cuidado integral das
equipes. Foram evidenciados processos comunicacionais hierarquizados e verticais, além
de excesso de atividades burocráticas e demandas dificultando as reuniões das equipes.
Constatou um baixo nível de C&S entre a APS e a rede de serviços do SUS que prejudica a
continuidade do cuidado nas DCNT, sendo necessário o investimento em tecnologias de
C&S, como também a implantação de Sistemas de Informação em Saúde (SIS). A ECP foi
considerada essencial para melhorar eficácia da atenção as DCNT. Concluiu-se que, para
aprimorar a qualidade da C&S, é fundamental aumentar o financiamento do SUS para
possibilitar a fixação de profissionais na APS e toda rede SUS, investindo na qualificação
profissional em C&S e na, implantação de SIS integrados para um sistema de comunicação
mais resolutivo.