Resumo:
Apesar de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo e reconhecer
o acesso à alimentação saudável e à nutrição adequada como direitos fundamentais do
cidadão, o Brasil ainda conta com um número significativo de pessoas em situação de
insegurança alimentar. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar as interfaces
da segurança alimentar e nutricional (SAN) no nosso país, diante da pandemia de COVID-
19, utilizando, para tanto, a revisão bibliográfica narrativa, que permite a seleção dos
estudos e a interpretação das informações utilizando a subjetividade do autor. Verificou-se
que os estudos mais recentes demonstraram que o Brasil conta com apenas 44,8% de
sua população em situação de SAN, revelando que a fome está em um quadro pior do
que em 2004, quando 64,8% dos brasileiros tinham seu Direito Humano à Alimentação
Adequada (DHAA) garantido. A pandemia desencadeou não só uma crise de saúde, como
também piorou as crises política e socioeconômica já instauradas no país. As medidas
de isolamento e distanciamento social, adotadas para controle e achatamento da curva
de contaminação de COVID-19, promoveram um aumento na taxa de desemprego e uma
redução na renda de milhares de brasileiros, que tiveram que optar pela aquisição de
gêneros alimentícios mais baratos ou com pior qualidade nutricional. Desta forma, conclui se que a crise sanitária promovida pelo novo coronavírus escancarou as desigualdades
sociais existentes no Brasil, demandando a discussão de propostas e políticas públicas
que garantam o acesso contínuo de alimentos de qualidade e em quantidade suficiente,
especialmente aos grupos vulneráveis. Espera-se que os dados apresentados neste estudo
possam subsidiar futuros planejamentos e tomadas de decisões por parte dos governantes.