Resumo:
A Febre Amarela (FA) é caracterizada por uma doença não contagiosa, aguda, febril e de
duração curta. As manifestações variam desde quadros assintomáticos e subclínicos a formas
leves da doença, que podem se agravar, levando à morte. O Brasil apresenta, desde 2016, um
dos maiores surtos da sua história. Conhecer sobre os casos torna-se importante para que se
criem e fortaleçam ações de combate e prevenção. Objetivou-se traçar o perfil epidemiológico
da FA em todo o Brasil, no período 05 de janeiro a 31 de maio de 2017. Estudo descritivo,
transversal, utilizando dados secundários referentes a todos os casos humanos de FA
notificados no período indicado, os quais tiveram início dos sintomas a partir de 01 dezembro
de 2016. Os dados foram coletados em agosto de 2017, no site do Ministério da Saúde, junto
ao Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública sobre Febre Amarela. Foram
considerados os casos suspeitos e notificados, casos confirmados (critério clínico-laboratorial
ou vínculo epidemiológico), casos em investigação e casos descartados. Avaliaram-se
informações sobre Região, Unidade da Federação (UF) do Local Provável de Infecção; idade;
sexo; óbito notificado, em investigação, descartado, confirmado. Além disso, foram
calculadas as Taxas de Letalidade (TL) para o Brasil (TL=número de óbitos confirmados /
número de casos confirmados x 100). Nas análises, consideraram-se, também, os registros de
Epizootias de Primatas Não Humanos (PNH) com suspeita de FA. Os dados foram tabulados
no Epi Info, versão 3.5.1, para análise descritiva. Foram notificados 3.240 casos suspeitos de
FA, sendo que destes, 792 (24,5%) foram confirmados, 519 (16%) casos permanecem em
investigação e 1.929 (59,5%) foram descartados. No período analisado, a região do país mais
afetada foi a Sudeste (2.877). Na análise das UF’s, Minas Gerais foi o estado com maior
notificação (1.595). Em relação ao sexo e idade dos casos confirmados em todo o país,
observou-se maior número de casos em homens adultos jovens de 41 anos a 45 anos.Em
relação à evolução, do total de casos notificados, 435 evoluíram para óbito, sendo que 274
(63%) foram confirmados, 37 (8,5%) permanecem em investigação e 124 (28,5%) foram
descartados. A TL no país foi de 34,5%. Sobre os registros de Epizootias de PNH, foram
notificadas 3.850 epizootias; destas, 1448 permaneceram em investigação, 96 foram
descartadas e 642 foram confirmadas para FA. Estiveram envolvidos 5.553 animais.
Constatou-se elevado número de casos notificados e confirmados no período analisando,
mostrando a necessidade em investimento em pesquisas que avaliem mais profundamente as
características clínicas e epidemiológicas dos casos. Conclui-se, ainda, que o risco de
transmissão da FA não se concentrou apenas em algumas regiões, já que a ocorrência dos
casos se deu em todo o território nacional, evidenciando a necessidade de intensificação da
higiene nas regiões urbanas e o acesso à informação para a população acometida pela FA.